terça-feira, 13 de março de 2012

Desemprego imigrante ronda 20% na Europa. Brasileiros regressam





A crise está a afetar todos, mas mais ainda os imigrantes, alguns sem acesso aos subsídios normais. Brasileiros são os únicos a regressar


A taxa de desemprego entre os imigrantes em Portugal ronda atualmente os 20 por cento, bastante acima dos 14 por cento da população em geral. Esta realidade é comum ao continente e aos Açores, afirma em entrevista ao Açoriano Oriental o presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), Paulo Mendes.





Uma situação que se agravou com a crise, uma vez que, além de serem naturalmente os mais vulneráveis aos despedimentos, os imigrantes têm sido particularmente afetados por trabalharem em setores como a construção civil ou a restauração e hotelaria, que têm sido muito afetados pela atual situação económica e que não têm nos próximos tempos perspetivas de voltarem a contratar.





Paulo Mendes alerta, por isso, o poder político para que não ‘deixe cair’ os problemas dos imigrantes da sua agenda, pois este é um grupo que, para além do desemprego, sofre muitas vezes também do problema de, por trabalhar em situações de grande precariedade, não ter sequer a possibilidade de obter os normais apoios sociais como o subsídio de desemprego.





Face a este cenário, há muitos imigrantes que começam a equacionar o regresso, mas com a exceção dos brasileiros - cujo país está atualmente em franco processo de crescimento e muitos estão a querer regressar - no caso das outras duas nacionalidades mais representadas nos Açores, os cabo-verdianos ou os ucranianos, o mesmo já não acontece, porque a situação nos países de origem não é melhor do que em Portugal.





Paulo Mendes alerta para o que diz ser a ‘dupla exclusão’ a que os imigrantes estão sujeitos: “por um lado, o imigrante precisa ter a sua situação laboral regularizada para poder renovar o seu título de residência mas, por outro lado, a precariedade impede-o de ter os apoios normais em situação de desemprego”. Antes da crise, muitos imigrantes que viam a sua situação complicar-se em Portugal procuravam alternativas dentro do espaço comunitário de livre circulação de trabalhadores, o que agora também já não é possível, porque o desemprego elevado entre os imigrantes é neste momento transversal a toda a Europa.





Nos Açores, salienta contudo Paulo Mendes, há fatores que minimizam o “sofrimento invisível” dos imigrantes: a proximidade entre as pessoas, o facto das comunidades imigrantes não terem a dimensão que têm no continente (são 2% da população açoriana e 5% no continente) e a existência de uma rede de apoio de emergência social que tem permitido, até agora, colmatar as situações mais dramáticas. Mas Paulo Mendes alerta: “é importante não haver desinvestimento nas políticas de integração, numa altura em que a imigração começa a deixar de estar na agenda política, havendo a tendência de ser substituída pela emigração”.


fonte : http://www.acorianooriental.pt