sábado, 12 de dezembro de 2020

Avôs e avós italianos ensinam suas receitas em canal na web


Avôs e avós italianos ensinam suas receitas em canal na web

Projeto busca preservar memória de pratos tradicionais da culinária italiana

Sabe aquela receita dos avôs e avós italianos? Que não pode ser perdida de maneira alguma?

É isso que faz o Pasta Grannies (“vovós da massa”, em tradução livre). No canal no YouTube, eles ensinam receitas tradicionais da Itália, e é claro, eles colocam a pitada especial de tempero, que é particular de cada família.

No ar desde 2014, o canal já foi visto por milhões de pessoas e tem quase 690 mil seguidores.

O vídeo mais assistido é da nonna Maria e sua filha Paola, de Faenza, na Emilia-Romagna. As duas ensinam a fazer uma deliciosa lasanha.

Veja a seguir:


Toda sexta-feita tem receita nova dos avôs e avós italianos no canal. Os vídeos são gravados em italiano, com narração em inglês. Mas é possível habilitar as legendas em português, no próprio YouTube.

Criado pela americana Vicky Bennison, o canal foi inspirado nos seus livros sobre a culinária italiana.

“Percebi que habilidades de cozinha não estavam sendo transmitidas para as novas gerações”, disse Bennison.

“É claro que esses preparos não vão morrer, mas eles têm se tornado uma atividade mais comercial e industrial do que uma atividade doméstica”.

“Todo mundo pensa que a sua nonna (avó, em italiano) cozinha melhor. Mas o que a nonna vai cozinhar daqui a 20 anos? Os homens e mulheres da Itália estão muito ocupados hoje em dia para passar tempo na cozinha”, concluiu.
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Museu da Imigração cria mostra sobre avós italianos




Museu da Imigração cria mostra sobre avós italianos

Exposição retrata o começo da vida dos italianos em terras brasileiras

Avôs e avós italianos que chegaram ao Brasil nas décadas de 1950 e 1960 estão sendo retratados em exposição temporária no Museu da Imigração de São Paulo.

“Nonni di São Paulo”, como foi batizada, a mostra reúne 50 depoimentos de imigrantes, todos entre 70 e 90 anos de idade.

Inaugurada no ultimo sábado (05), a exposição retrata o começo de suas vidas em terras brasileiras, bem como suas conquistas.

Os testemunhos sobre os avós e avôs italianos foram coletados pelo italiano Oliviero Pluviano, jornalista genovese radicado no Brasil.

Inicialmente, a exposição seria lançada em março deste ano, mas precisou ser adiada em virtude da pandemia do Covid-19.
Os personagens

Entre os personagens, os visitantes podem conhecer Lisena Montanaro, uma das “Mães de São Vito”, que embarcou para o Brasil em 1955, dois dias depois de completar 18 anos.

Bruna e Giorgio Maschietto, ambos originários do Vêneto, e que chegaram ao território brasileiro em 1955 e 1953, respectivamente, também foram retratados.
Informações

Os ingressos para visitar a exposição sobre os avós e avôs italianos no Museu da Imigração podem ser adquiridos antecipadamente pelo site Ticket 360 ou pessoalmente na bilheteria, que funciona até às 16h.

Com curadoria do ProAC e do Consulado Geral da Itália em São Paulo, a mostra poderá ser prestigiada de quarta-feira a domingo, das 11h às 17h (horário local).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Número de refugiados no Brasil aumenta mais de 7 vezes no semestre; maioria é de venezuelanos



Cerca de 43 mil estrangeiros vivem no Brasil com a condição de refúgio. Desse total, quase 90% vieram da Venezuela. Com a pandemia do novo coronavírus, porém, número de pessoas que pedem refúgio às autoridades brasileiras deve diminuir.




Travessia da fronteira entre Brasil e Venezuela, em foto de 2019 — Foto: Ricardo Moraes/Reuters


O Brasil tem cerca de 43 mil pessoas reconhecidas atualmente como refugiadas, informou o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) na segunda-feira (8). O número representa mais de sete vezes o registrado no início de dezembro, quando havia cerca de 6 mil pessoas em situação de refúgio no país.


Segundo o comitê, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o aumento se explica pelas três levas de aprovação dos pedidos feitos por venezuelanos: uma em dezembro, uma em janeiro e outra em abril — essa, destinada a um contingente de filhos de refugiados da Venezuela.




Operação acolhida mantém processo de interiorização de imigrantes venezuelanos em RR


Com isso, desde dezembro, o governo brasileiro aprovou cerca de 38 mil solicitações de venezuelanos, o que representa 88% do total. O Conare classifica o país vizinho há um ano como em situação de "grave e generalizada violação de direitos humanos", o que acelera a aprovação dos pedidos de refúgio.


O coordenador-geral do Conare, Bernardo Laferté, explicou ao G1 que, mesmo com as medidas adotadas, não é o comitê quem determina se haverá mais ou menos pedidos de refúgio no Brasil.

"Não somos nós que mexemos na causa do refúgio, é uma questão de demanda", afirma Laferté.


Efeito da pandemia



Refugiados venezuelanos começam a ser realocados em novo espaço de acolhimento, em Belém — Foto: Camila Diger/Agência Belém


O número de pedidos de refúgio aprovados deverá demorar a apresentar outros aumentos significativos devido à pandemia do novo coronavírus. Segundo o coordenador-geral do Conare, o comitê não tem identificado um movimento migratório de entrada no Brasil por causa do fechamento das fronteiras terrestres.


"Embora a situação por lá ainda seja grave, muitos venezuelanos estão voltando para a Venezuela. A gente entende que é pela situação da pandemia, mas tem que esperar passar para ver se a tendência vai se manter", apontou Laferté.


Por causa da Covid-19, a Polícia Federal não recebe mais os pedidos de refúgio ou de residência, salvo em casos excepcionais: por exemplo, se um estrangeiro no Brasil precisar entrar em um voo de interiorização a outras partes do país.




Venezuela em crise




Tumulto em Cumunacoa, na Venezuela, nesta quarta-feira (22) começou após saques a comércios — Foto: Reprodução/Robert Alcalá/Twitter


A pandemia do novo coronavírus e a derrubada dos preços do petróleo em março pioram a situação já difícil de uma Venezuela marcada pela violência e pela disputa de poder entre o regime chavista de Nicolás Maduro e a oposição liderada pelo parlamentar Juan Guaidó, que se declarou presidente interino do país no início do ano passado.


Com a crise da Covid-19, cidades venezuelanas registraram saques e confrontos violentos, inclusive com morte, nos últimos meses.


Dados do monitoramento da Universidade Johns Hopkins mostram que a Venezuela registrou 2.377 casos e 22 mortes por Covid-19 até esta segunda. No entanto, segundo observadores internacionais, esse número pode estar subestimado.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Apenas 5% dos municípios com presença de imigrantes e refugiados no Brasil oferecem serviços de apoio, aponta IBGE



Na grande maioria das cidades brasileiras não há nenhum tipo de instrumento para auxílio a estrangeiros que buscam refúgio no país. Entre 2010 e 2018, estima-se que cerca de 500 mil imigrantes deram entrada no país.




Venezuelanos entram no Brasil pela cidade de Pacaraima — Foto: Emily Costa/G1 RR



Um levantamento inédito realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela a baixa oferta de apoio governamental a imigrantes e refugiados que buscam asilo no Brasil. A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (25), mostra que apenas 215 cidades oferecem algum tipo de serviço específico para essa população.


Ao apresentar a pesquisa, o IBGE lembrou que “as migrações internacionais são parte constituinte da formação histórica e social do Brasil” e que, nos últimos anos, ganhou outro perfil. Diferente do que aconteceu na época do Brasil Império e na primeira metade do século 20, quando milhões de estrangeiros vieram ao país, entre 1980 e o final dos anos 2000, mais pessoas saíram do que entraram. Muitos brasileiros emigraram para os Estados Unidos, Japão, Portugal, Espanha e Reino Unido, entre outros.


A chegada de migrantes ao território brasileiro voltou a ocorrer de forma intensa a partir do final da primeira década do ano 2000 influenciada, conforme pontuou o IBGE, pelas crises político-econômica e climática no Haiti, mudanças na economia da China, estreitamento de laços com países africanos, o conflito na Síria e, mais recentemente, a profunda crise econômica da Venezuela.


De acordo com o IBGE, dados da Polícia Federal indicam que há presença de imigrantes e/ou refugiados em 3.876 dos 5.568 municípios brasileiros. Entre 2010 e 2018, foram registrados mais de 466 mil migrantes no país, além de 116,4 mil pedidos de refúgio.


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Registros de imigrantes no Brasil
Número de registros de entrada de migrantes, entre 2010 e 2018, nos principais municípios com fluxo migratório.
183.608183.60880.88780.88722.79122.79121.62721.62718.16918.16915.50615.50614.15014.15014.15014.15013.04513.04512.11612.11611.23111.23110.74210.74210.20410.2048.0368.0366.1446.144São Paulo (SP)Rio de Janeiro (RJ)Boa Vista (RR)Brasília (DF)Curitiba (PR)Manaus (AM)Macaé (RJ)Porto Alegre (RS)Florianópolis (SC)Belo Horizonte (MG)Salvador (BA)Foz do Iguaçu (PR)Campinas (SP)Recife (PE)Pacaraima (RR)0100k200k25k50k75k125k150k175k
Fonte: Polícia Federal



“Os migrantes recentes [...], em geral, possuem nível médio de escolaridade, se inserem nos estratos inferiores da estrutura ocupacional, não dominam outro idioma além do nativo e chegam em situação de maior vulnerabilidade social e econômica, o que os faz demandarem políticas públicas de acolhimento e integração à sociedade brasileira”, enfatizou o IBGE.


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Diante disso, a pesquisa buscou investigar o acolhimento aos imigrantes previsto na nova Lei de Migração, promulgada em maio de 2017. De modo geral, o IBGE constatou fragilidade na execução desta política.


“Deficiências são observadas, como, por exemplo, no ensino do idioma, requisito prioritário como porta de acesso à plena integração; no acesso aos serviços sociais públicos; na inserção ocupacional, que via de regra está aquém das habilidades e qualificações; e na garantia à moradia adequada, entre outras limitações”, apontou a pesquisa.




Dentre as 3.876 cidades onde há presença de imigrantes, apenas 215 (5,5% delas) contavam com pelo menos um serviço de apoio previsto na política migratória do país – associação ou coletivo para relacionamento com o poder público, curso de português, atendimento multilíngue nos serviços públicos, abrigo para acolhimento, centro de referência e apoio, formação/capacitação profissional.

Oferta de serviços a imigrantes e refugiados
Número de municípios com oferta de serviços, por tipo de serviço
818148482525585863634747Associação e/ou col…Curso permanente …Atendimento multil…Abrigo para o acolhi…Centro de Referênci…Formação/capacitaç…0100255075

Centro de Referência e Apoio a Migrantes e Refugiados


Fonte: IBGE


Associação de imigrantes


O IBGE destacou que um dos principais instrumentos para integração de imigrantes e refugiados é a associação ou coletivo desse grupo, devido à sua capilaridade para articulação com o poder público. Eles estão presentes em apenas 81 cidades onde há presença de imigrantes ou refugiados.


“Como os migrantes e refugiados não têm direito à participação política, quer dizer, votar ou ser votado em eleições proporcionais ou majoritárias, a organização em associações ou coletivos é o espaço do exercício democrático junto às instâncias de poder”.


A pesquisa chamou a atenção para a distribuição espacial destas associações e/ou coletivos, que se concentram, sobretudo, na região Sul do país. Dos 81, 44 estão na Região Sul. O Sudeste sedia 23, o Centro-Oeste, seis, o Nordeste, cinco, e o Norte, apenas três. Dentre as capitais que têm volume significativa de população migrante e/ou refugiada, o IBGE destacou que:



São Paulo - embora mantenha programa de formação e capacitação de servidores voltado ao atendimento de imigrantes/pessoas em situação de refúgio ou asilo humanitário, ainda não implantou o atendimento multilíngue;
Rio de Janeiro - tem relacionamento com as associações ou coletivos de imigrantes/pessoas em situação de refúgio ou asilo humanitário, além de oferecer cursos de idioma;
Brasília - só oferece abrigo;
Boa Vista - promove a cooperação com a União, oferece abrigo e mantém um Centro de Referência e Apoio a Imigrantes.


Mecanismos de cooperação


Conforme enfatizou o IBGE, a gestão migratória deve ser de responsabilidade das três esferas de poder, através de mecanismos de cooperação, com o ente federal gerindo as entradas/saídas, a regularização/regulação dos migrantes/refugiados e a cooperação internacional. Já a oferta de serviços, como o ensino do idioma, a geração de trabalho e renda, a oferta de moradia, devido à proximidade, deve ser ditada pelos estados e municípios, mas com suporte federal.


Das 27 unidades da federação do país, nove não possuem nenhum tipo de mecanismo de cooperação na gestão migratória. São elas Rondônia, Amapá, Tocantins, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Mato Grosso e Distrito Federal. “Neles, é importante ressaltar, a presença de migrantes/refugiados é diminuta”, ponderou o IBGE.


Em nível municipal, são apenas 75 os municípios, concentrados nas Regiões Sul e Sudeste, que possuem instrumentos de cooperação. Em 53 deles, a cooperação é feita com o estado, em 43, com a União, e 21 estabelecidos com os dois entes federados.


“Epitaciolândia, Manaus, Presidente Figueiredo, Boa Vista, Normandia e Pacaraima, localizados na Região Norte e que, recentemente, receberam correntes migratórias oriundas do Haiti e da Venezuela, estabeleceram cooperação ao menos com um ente federado”, ressaltou o IBGE

Curso de português para imigrantes e refugiados


Apenas 48 municípios, distribuídos em 11 das 27 unidades da federação, oferecem ensino de português a migrantes e refugiados, apontou o levantamento do IBGE. A maioria destas cidades se concentram em Santa Catarina quando, segundo a pesquisa, “a população de migrantes/ refugiados se concentra nos Estados do Amazonas, Roraima, Rio de Janeiro e São Paulo”.


“Não dominar o idioma do país de destino é um dificultador para além da comunicação cotidiana, pois prejudica o acesso ao mercado de trabalho e aos serviços públicos”, enfatizou o IBGE.


O órgão ressaltou, ainda, que “Unidades da Federação com importante presença de migrantes/refugiados sem a oferta de tais cursos acabam por gerar um complicador na gestão da questão migratória, como é o caso de Roraima”.