segunda-feira, 24 de setembro de 2012

EUA distribuem vistos a investidores hoteleiros



Programa que garante visto EB-5 a estrangeiros que investirem ao menos US$ 500 mil em empresas americanas é fonte de crédito para novas unidades de redes como Marriott e Hilton

NYT - Janet Morrissey 
NYT
Peter Yates/The New York Times
O hotel Marriott Courtyard em Seattle
Quando a Marriott International quis abrir um novo hotel no centro de Seattle, os desenvolvedores da empresa não venderam ações, assumiram hipotecas ou usaram outras formas tradicionais de financiar o projeto de US$ 88 milhões. Em vez disso, eles levantaram o grosso da quantia junto a imigrantes ricos que queriam obter um "green card".
Um programa do governo, que concede vistos EB-5 a estrangeiros que investem ao menos US$ 500 mil em negócios nos Estados Unidos, é hoje uma fonte popular de financiamento para novos hotéis da Marriott. Desde o contrato de Seattle, em 2008, a empresa aprovou 14 projetos que usam financiamento EB-5, incluindo o Marriott do centro de Milwaukee, um Courtyard Marriott em Manhattan e um hotel de US$ 168 milhões próximo ao Staples Center, em Los Angeles.
"Isso criou liquidez num mercado relativamente ilíquido", explicou Anthony Capuano, diretor de desenvolvimento do Marriott.
O programa EB-5 existe desde 1990, mas pequenos desenvolvedores de hotéis começaram a migrar para a prática na esteira da crise financeira de 2008. Eles não tinham muita escolha. Com a economia em frangalhos e o mercado de viagens em baixa, muitos projetos travaram ou foram cancelados quando os financiamentos evaporaram. Mesmo agora, com a base do setor melhorando e as taxas de ocupação crescendo, é difícil conseguir dinheiro – caro para alguns, inexistente para outros.
O governo federal dos EUA oferece uma alternativa. Nos termos do Programa de Investidores Imigrantes do Serviço de Cidadania e Imigração, estrangeiros podem obter vistos EB-5 – basicamente um status de residência temporária – investindo US$ 1 milhão ou US$ 500 mil em regiões de alto desemprego, num empreendimento comercial que gere 10 empregos ao longo de dois anos.
Essa se mostrou uma fonte relativamente barata de financiamento. Os desenvolvedores de hotéis podem levantar dinheiro através do programa EB-5 oferecendo retornos de menos de 4 por cento. Em contraste, as taxas de juros sobre dívidas começam em 6 por cento, com algumas formas mais arriscadas de financiamento chegando a 10 por cento ou mais. Investidores que assumem uma participação acionária num projeto hoteleiro buscam retornos de 20 por cento.
"Os estrangeiros estão comprando vistos, com uma preocupação muito menor quanto ao retorno que ganham sobre seus investimentos", afirmou David Loeb, analista sênior da Robert W. Baird. 
Apesar das potenciais vantagens, os grandes atores do setor foram inicialmente cautelosos. Muitos o classificaram como um programa marginal para projetos questionáveis, que não conseguiriam financiamento de nenhuma outra forma. Eles também se questionavam como os desenvolvedores conseguiriam reunir 200 investidores para bancar um projeto de US$ 100 milhões.
"Nós íamos a conferências e falávamos sobre o programa, e as pessoas simplesmente não acreditavam que aquilo fosse real – elas não acreditavam que seria possível arrecadar tanto assim", explicou Catherine D. Holmes, sócia do escritório do advocacia Jeffer Mangels Butler & Mitchell. Assim que o Marriott entrou no quadro, "as pessoas começaram a levar tudo mais a sério", completou Holmes, cujo escritório está ajudando clientes a usarem o financiamento EB-5 para 40 projetos hoteleiros.
Nos últimos 18 meses, os desenvolvedores da Hilton Worldwide, Hyatt Hotels e Starwood Hotels and Resorts Worldwide voltaram-se ao financiamento EB-5. Em julho, a FelCor Lodging Trust anunciou planos de levantar US$ 45 milhões pelo financiamento EB-5 como parte de seu projeto de US$ 230 milhões para requalificação do Knickerbocker Hotel, na Times Square. Sam Nazarian, o magnata hoteleiro famoso por seus hotéis, restaurantes e casas noturnas recheados de celebridades em Los Angeles, pretende construir o primeiro hotel SLS em Nova York – com dinheiro do EB-5.
"É um método de financiamento atual, disponível e muito confiável", declarou Craig Mance, vice-presidente sênior de desenvolvimento do Hilton na América do Norte. "Isso está ajudando os contratos a irem em frente." O Hilton possui 10 projetos baseados em financiamento EB-5. 
O financiamento EB-5 tem sido uma ampla bênção ao setor.
Neste ano, o governo emitiu 3.002 vistos temporários através do programa, frente a 640 em 2008. A maioria foi para imigrantes chineses, e muitos foram entregues a investidores britânicos, indianos, holandeses e sul-coreanos.
Os desenvolvedores muitas vezes trabalham com centros regionais, organizações aprovadas em plano federal que os ajudam a atrair planos de negócios e recrutar potenciais investidores. 
Embora o programa de centros regionais esteja programado para terminar em 30 de setembro, o senado aprovou uma emenda para estendê-lo por três anos. Espera-se que a emenda passe pelo congresso, embora ainda não haja uma data para votação na Câmara.
O programa vem sendo um bom negócio para hotéis, que criam empregos diretos – atendentes, faxineiros e gerentes – e indiretos – para as empresas que fornecem toalhas e outros suprimentos. "Hotéis são um negócio de 24 horas por dia, 365 dias por ano", afirmou Capuano, do Marriott. "Eles são ideais para estimular o aumento de empregos."
O hotel do Marriott que está sendo construído em Los Angeles, com 377 quartos, deverá gerar 4.240 empregos diretos e indiretos até 2016, acima de sua meta EB-5 de 3.360. Os desenvolvedores se beneficiam da proximidade do hotel ao Staples Center, que abriga quatro equipes esportivas profissionais; espera-se que os hóspedes do Marriott ajudem a estimular as vendas de ingressos e produtos dos times. O projeto ainda recebe um estímulo do gigantesco painel eletrônico na frente do hotel, que pode levar a empregos em publicidade, marketing e aluguel do painel.
"A ideia é que mais dinheiro na economia leva a mais empregos", disse Henry Liebman, presidente da American Life, centro regional que trabalhou com os desenvolvedores do Marriott. 
O programa já enfrentou sua cota de problemas. Ele foi suspenso de 1998 a 2003 por queixas de fraude e corrupção, de acordo com a agência governamental que supervisiona o programa. Em alguns casos, investidores estrangeiros prometeram dinheiro com notas promissórias e acabaram nunca entregando o valor. Também houve casos em que intermediários desviaram dinheiro, deixando uma pequena parcela aos incorporadores. Em outras ocasiões, os incorporadores pegaram o dinheiro e não construíram o projeto.
"Tivemos alguns problemas com investidores tentando contornar os requisitos de capital e criação de empregos", explicou Claire Nicholson, porta-voz do Serviço de Cidadania e Imigração. 
O governo trabalhou duro para limpar o programa. Hoje os investidores são obrigados a pagar a quantia total adiantada, e quaisquer taxas a intermediários devem ser pagas separadamente.
"Estamos comprometidos em assegurar que o programa cumpra sua missão de criação de empregos de maneira eficiente e efetiva", garantiu Nicholson.
Segundo agentes do setor, a entrada do Marriott e de outros grandes gestores hoteleiros também ajudou a aumentar a credibilidade do programa.
As empresas analisam detalhadamente cada projeto, usando ou não o financiamento EB-5. Elas querem garantir que o hotel cumpra com os padrões da marca e que os níveis da dívida sejam gerenciáveis.
"Se alguém me diz que possui um projeto de US$ 10 milhões com US$ 10,5 milhões em dívidas, esse é um projeto que vou questionar – pois foi excessivamente alavancado", afirmou Mance, do Hilton. Cabe aos desenvolvedores e aos centros regionais assegurar que o projeto cumpra com as exigências do EB-5.
Mesmo após o financiamento tradicional voltar de forma significativa, Marriott, Hilton e outros garantem que provavelmente continuarão usando o programa EB-5. Ele é relativamente barato e estável, além de complementar outras fontes de financiamento. Nas palavras de Mance: "Se funciona, por que não usá-lo de novo?".
Fonte. www.economia.ig.com.br

domingo, 16 de setembro de 2012

A nova cultura on line, ou ead

Festa Coruja de Ouro
Revista Filme Cultura



Não é novidade para ninguém a existência de cursos do tipo EAD, ensino a distancia, oferecidos pela internet.

Há sites de todos os tipos, como aqueles que oferecem 10.000 cursos on line de graça, outros só custam R$ 22.00 cada curso, outros se você pagar R$ 84.00 tem direito a mais de 1.000 cursos. Longe de depreciá-los, não vejo muito como acreditar na qualidade desse tipo de cursos on line....cursos on line de graça??? quanta generosidade......cursos on line por R$ 22.00...ou mais de 1.000 cursos por apenas R$ 84,00 ...é aquele ditado....esmola demais...o santo desconfia...mas quem sabe?

Mas em contrapartida há cursos on line  que não deixam dúvidas sobre a sua qualidade, o seu comprometimento com a educação, muito deles feitos por universidades, faculdades, associações, ongs  ou profissionais com reconhecida capacidade  e que respondem pela qualidade de seus cursos.
Nesse sentido existe um portal de cursos on line, na área da cultura,  que me chamou atenção
http://www.cursosraizesculturais.com.br .Ele possui 6 cursos on line, ou EAD :

·         Cursos de Produção de Cinema
·         Cursos de Produção de Vídeo
·         Curso de Produção Cultural
·         Curso de Captação de Recursos
·         Curso de Mercado de Trabalho
·         Curso de Produção Executiva

Preços variam de R$ 140 a R$ 220.00 ( preços promocionais de lançamento)

Esses cursos são apresentados pelo cineasta Carlos Guimarães de Matos Jr , que já foi Presidente do Instituto Nacional de Cinema, Diretor da Embrafilme e Produtor da CIC ( Paramount. Carlos também foi fundador e Presidente do 1 Festival de Cinema de Gramado, alem de ter lecionado cinema, gestão cultural e captação de recursos em importantes universidades.

Cada curso tem várias matérias em texto e matérias em vídeo


Jean Paul Versiani, jornalista e produtor cultural

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Curso de Captação de Projetos Culturais


vo curso de Captação de Recursos EAD



Curso de Captação de Recursos

Objetivo: Formar profissionais especializados em captação de recursos.

Atividade: Captação de recursos para os mais variados projetos sociais e culturais.

Mercado de trabalho: cinema, teatro, festivais, música, esporte, etc.

A captação de recursos é uma atividade com grande demanda por parte do mercado e, por conseguinte, com perspectivas de grande rentabilidade.
A expansão da indústria cultural está diretamente ligada à expansão dos investimentos públicos e privados em bens culturais. Esse cenário é extremamente favorável para o profissional que atua como captador de recursos, pois as possibilidades de captação são amplas e variadas, sejam por meio do merchandising, sejam pelo investimento direto de empresas e órgãos estatais em projetos culturais e sociais de diversas ordens.

Neste curso, o aluno aprende a legislação de incentivos culturais, a elaboração e viabilização de projetos, os aspectos relacionados a direitos autorais, direitos trabalhistas e conexos, a análise do potencial de captação de um determinado projeto, os nichos de financiamento e investimentos, o mapa da empresas que mais investem em cultura, o certificado de investimento áudiovisual, a operação na bolsa de valores, a prestação de contas de projetos, os projetos de venda, a teoria dos espelhos, dentre outros aspectos importantes para o exercício da atividade.

Conheça o Curso de Captação de Recursos


Postado por Carlos Guimarães de Matos Jr às 09:02 Nenhum comentário:

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terça-feira, 13 de março de 2012

Desemprego imigrante ronda 20% na Europa. Brasileiros regressam





A crise está a afetar todos, mas mais ainda os imigrantes, alguns sem acesso aos subsídios normais. Brasileiros são os únicos a regressar


A taxa de desemprego entre os imigrantes em Portugal ronda atualmente os 20 por cento, bastante acima dos 14 por cento da população em geral. Esta realidade é comum ao continente e aos Açores, afirma em entrevista ao Açoriano Oriental o presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), Paulo Mendes.





Uma situação que se agravou com a crise, uma vez que, além de serem naturalmente os mais vulneráveis aos despedimentos, os imigrantes têm sido particularmente afetados por trabalharem em setores como a construção civil ou a restauração e hotelaria, que têm sido muito afetados pela atual situação económica e que não têm nos próximos tempos perspetivas de voltarem a contratar.





Paulo Mendes alerta, por isso, o poder político para que não ‘deixe cair’ os problemas dos imigrantes da sua agenda, pois este é um grupo que, para além do desemprego, sofre muitas vezes também do problema de, por trabalhar em situações de grande precariedade, não ter sequer a possibilidade de obter os normais apoios sociais como o subsídio de desemprego.





Face a este cenário, há muitos imigrantes que começam a equacionar o regresso, mas com a exceção dos brasileiros - cujo país está atualmente em franco processo de crescimento e muitos estão a querer regressar - no caso das outras duas nacionalidades mais representadas nos Açores, os cabo-verdianos ou os ucranianos, o mesmo já não acontece, porque a situação nos países de origem não é melhor do que em Portugal.





Paulo Mendes alerta para o que diz ser a ‘dupla exclusão’ a que os imigrantes estão sujeitos: “por um lado, o imigrante precisa ter a sua situação laboral regularizada para poder renovar o seu título de residência mas, por outro lado, a precariedade impede-o de ter os apoios normais em situação de desemprego”. Antes da crise, muitos imigrantes que viam a sua situação complicar-se em Portugal procuravam alternativas dentro do espaço comunitário de livre circulação de trabalhadores, o que agora também já não é possível, porque o desemprego elevado entre os imigrantes é neste momento transversal a toda a Europa.





Nos Açores, salienta contudo Paulo Mendes, há fatores que minimizam o “sofrimento invisível” dos imigrantes: a proximidade entre as pessoas, o facto das comunidades imigrantes não terem a dimensão que têm no continente (são 2% da população açoriana e 5% no continente) e a existência de uma rede de apoio de emergência social que tem permitido, até agora, colmatar as situações mais dramáticas. Mas Paulo Mendes alerta: “é importante não haver desinvestimento nas políticas de integração, numa altura em que a imigração começa a deixar de estar na agenda política, havendo a tendência de ser substituída pela emigração”.


fonte : http://www.acorianooriental.pt

Jovens carentes motivam viagem de Aécio Neves aos EUA


Aécio Neves líder da oposição
Matéria sobre a viagem do Senador Aécio Neves, líder da oposição

Aécio Neves negocia com BID novos recursos para segurança em Minas

Senador participa de reunião nesta terça-feira em Washington

O senador Aécio Neves (PSDB/MG) participa, nesta terça-feira (13/03), de reunião no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington (EUA), para buscar recursos para projetos de segurança pública do Governo de Minas.  A viagem do senador acontece a pedido do governador do Estado, Antonio Anastasia e tem o objetivo de renovar a parceria firmada por Minas com o BID em ações de prevenção à criminalidade.

O novo financiamento, no valor R$ 150 milhões, se aprovado, será destinado a ampliar e melhorar os programas Fica Vivo - que oferece oficinas culturais, esportivas, profissionalizantes e de lazer a jovens moradores de áreas com índices elevados de homicídios - e Mediação de Conflitos - que desenvolve ações para solucionar situações com risco de violência, também em regiões com alta criminalidade -, entre outros. Também haverá investimentos em novos Centros Integrados de Adolescentes (CIAS), espaços de internação e recuperação de menores infratores.

"A reunião visa a consolidar essa negociação, para que no início do primeiro semestre possamos ter esses recursos do BID se somando aos recursos do Estado. É bom dizer que Minas continua sendo dos estados brasileiros que mais investem em segurança pública. Mas reconhecemos que tivemos problemas nesse último ano. Houve um agravamento, sobretudo, dos crimes violentos e dos homicídios, e é preciso que tenhamos uma ação ainda mais organizada, mais orquestrada e com mais recursos", afirmou o senador.

Minas é modelo para Brasil

Aécio acrescentou que o governador Antonio Anastasia determinou às forças de segurança uma ação muito firme para redução da criminalidade no Estado em razão do crescimento de indicadores verificado ano passado. Ele lembrou que Minas é modelo no país por ter revertido a violência no Estado ao longo de nove anos, com quedas sucessivas na ocorrência de crimes violentos.

"O governador está preparando uma ação muito firme, reativa a esse pequeno aumento da criminalidade que houve no ano passado, para que possamos retomar aquela curva descendente com a qual convivemos durante todos os meus dois mandatos de governador. Com os crimes, a cada mês, decrescendo, diminuindo, e fazendo com que nosso modelo de segurança se transformasse numa referência para todo o Brasil", disse Aécio Neves.

Governo federal é omisso na segurança pública

O senador afirmou, ainda, que esses recursos ganham mais importância na medida em que o governo federal tem sido omisso em relação às políticas de segurança nos estados, além de reduzir ano a ano os investimentos no combate à criminalidade.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Aécio líder da oposição, denuncia silencio do PT para com a luta de Yoani em Cuba

O silêncio do PT, por Aécio Neves
O silêncio do PT

Aécio Neves

Já passa da hora de vermos a questão cubana além do limite da ótica ideológica.

É visível o incômodo de setores, que se dizem democráticos, de reconhecer o autoritarismo do regime cubano, como se existissem duas Cubas: a real, que muitos preferem não enxergar, e a outra, da fantasia, que cada um constrói no seu imaginário como quer.

Não podemos mais ver o país e o regime dinástico dos irmãos Castro como se a ilha fosse o último enclave da Guerra Fria. Precisamos, isso sim, mobilizar as melhores energias da nossa diplomacia e da comunidade internacional na direção da única realidade que, de fato, interessa: o povo cubano.
São 11,2 milhões de pessoas submetidas ao cotidiano cruelmente caricato das cotas de alimentos, esse malfadado regime das cadernetas, a uma carência crônica, ao desabastecimento histórico, que desmentem, há muito, a fantasia do socialismo igualitário.

Ao mal-estar econômico agrega-se o pior que uma sociedade pode vivenciar: a falta de horizonte para as novas gerações. A imensa maioria da população nasceu pós-Fidel e, portanto, desconhece o usufruto da palavra liberdade, o direito de ir e vir, de discutir, de recusar, de dissentir. "Me sinto como um refém sequestrado por alguém que não escuta nem dá explicações", diz a blogueira Yoani Sánchez, proibida pela 19ª vez de viajar a outros países.

No entanto nem mesmo o isolamento forçado tem conseguido impedir que, pelas frestas da fortaleza do castrismo, infiltre-se a brisa que dá notícia aos cubanos da mais simples equação da vida política de uma nação: não há dignidade possível numa ditadura.

Recordo o ainda nebuloso episódio do asilo-não-asilo aos boxeadores cubanos durante os Jogos Panamericanos do Rio, em 2007. Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara abandonaram a delegação, mas foram recambiados a Cuba pelo governo do PT. Lá os atletas sofreram retaliações. E pensar que o Brasil é tão pródigo em acolher até mesmo criminosos comuns

Os silêncios e os temas evitados na viagem da presidente Dilma a Cuba agridem as consciências democráticas. O mal disfarçado flerte com regimes fechados e totalitários, como o de Cuba e o do Irã, entre outros, expõe publicamente a tentação autoritária que o PT tenta dissimular e que, no entanto, parece estar inscrito no DNA do partido.

A ambiguidade explode em episódios como este. Quem no passado foi perseguida por defender ideias, deveria identificar-se com os perseguidos de hoje, e não sentir-se tão confortavelmente à vontade ao lado de dirigentes de um país onde não há resíduo de democracia há mais de meio século.
Volto a Yoani: "Dilma foi a Cuba com a carteira aberta e os olhos fechados". Foi pouco.

AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras nesta coluna. - Folha de São Paulo