segunda-feira, 5 de abril de 2010

EUA precisam de imigrantes criativos...


EUA precisam de imigrantes criativos, dizem especialistas

Thomas L. Friedman

Aqui vai a curiosidade do dia, um oferecimento de Robert Litan, que dirige a pesquisa da Fundação Kauffman, especializada na promoção da inovação nos Estados Unidos: "entre 1980 e 2005, praticamente todos os novos empregos líquidos criados nos EUA foram de firmas que tinham cinco anos ou menos", afirmou Litan. "Isso são cerca de 40 milhões de empregos. O que significa que as firmas mais antigas não criaram nenhum emprego líquido durante esse período", disse.

Mensagem: se quisermos diminuir o desemprego de maneira sustentável, não é o socorro à General Motors nem o financiamento de mais construções de estradas que farão isso. Precisamos criar muito mais companhias novas - rápido. Temos que colocar mais americanos de volta ao trabalho para sua própria dignidade - e para gerar rendas e riquezas crescentes, necessárias para pagar os gastos sociais existentes, bem como todos os novos investimentos que precisamos fazer. Foi recentemente noticiado que a previdência social este ano irá pagar mais em benefícios do que recebe em impostos da folha de pagamento - algo que não esperávamos acontecer antes de pelo menos 2016.

Mas nunca é demais repetir: empregos bem remunerados não surgem de socorros financeiros. Eles surgem de empresas start-ups. E de onde surgem as start-ups? Elas surgem de empreendedores inteligentes, criativos, inspirados e dispostos a arriscar. Como conseguimos mais deles? Existem apenas duas maneiras: criando esses empreendedores com a melhoria de nossas escolas ou importando com o recrutamento de imigrantes talentosos. Claro que precisamos dos dois, e precisamos começar superando o impasse no Congresso a respeito da imigração, com o intuito de desenvolver uma abordagem muito mais estratégica para atrair mais dos empreendedores ousados do mundo. "Cerca de 25% das start-ups de alta tecnologia bem-sucedidas ao longo da última década foram fundadas ou cofundadas por imigrantes", disse Litan. Pense em Sergey Brin, o russo que cofundou a Google, ou Vinod Khosla, o indiano que cofundou a Sun Microsystems.

Isso não é surpresa. Afinal, Craig Mundie, chefe de pesquisa e estratégia da Microsoft, pergunta: o que fez dos Estados Unidos esse motor incrível de prosperidade? Foi a imigração e os mercados livres. Pelo fato de termos sido tão abertos à imigração - e imigrantes são, por definição, pessoas com altas aspirações, dispostas a assumir riscos e prontas para deixar suas terras natais em busca de melhores oportunidades -, "nós, como país, acumulamos uma parcela desproporcional dessas pessoas inteligentes e ousadas do mundo", disse

Além disso, por causa do nosso sistema universitário vibrante e meritocrático, os melhores estudantes estrangeiros que desejavam a melhor formação também vieram para cá, e muitos deles ficaram. Em seu auge, nosso sistema excepcional também atraiu uma parcela desproporcional de pessoas ousadas e inteligentes para serviços governamentais do alto escalão. Por isso, quando somamos tudo isso, com nossos mercados livres e democracia, foi fácil para as pessoas ousadas, inteligentes e criativas levantar capital para suas ideias e as comercializar. Em resumo, os Estados Unidos teve um motor muito poderoso e autorreforçante de cultivo a novas companhias inovadoras.

"Quando conseguimos essa coincidência feliz de pessoas ousadas e inteligentes no governo e uma sociedade que privilegia esse perfil, obtemos retornos acima da média como país", argumentou Mundie. "O que Cingapura, Israel e EUA têm em comum? Todos foram construídos por pessoas ousadas e inteligentes e tiveram sucesso - mas apenas nos EUA isso aconteceu em grande escala e com uma diversidade global, por isso tivemos esse cruzamento muito rico", diz.

O que é preocupante nos Estados Unidos de hoje é a combinação de cortes no ensino superior, restrições na imigração e um espaço público tóxico que afasta pessoas talentosas de postos no governo. Juntas, todas essas tendências estão lentamente acabando com nosso diferencial em atração e incentivo da maior massa de pessoas inteligentes, criativas e ousadas do mundo.

Não é drástico, mas é um declínio - num momento em que a tecnologia permite que outros países alavanquem e fortaleçam mais seus próprios empreendedores inteligentes. Se não revertermos essa tendência, com o tempo, "podemos perder nosso diferencial competitivo mais importante - o único diferencial do qual a vantagem sustentável advém" - ter o maior e mais diverso grupo de pessoas ousadas e inteligentes do mundo, disse Mundie. "Se não tivermos esse diferencial competitivo, nosso padrão de vida vai acabar se revertendo para a média global", disse.

No momento, temos milhares de estudantes estrangeiros nos EUA e 1 milhão de engenheiros, cientistas e outros profissionais altamente qualificados com vistos temporários H-1B, que exigem que eles retornem para casa quando os vistos expirarem. Isso é loucura. "Precisamos ter um 'visto de criadores de emprego' para as pessoas que já estão aqui", disse Litan. "E ao empregar, digamos, cinco ou 10 americanos que não sejam familiares, você deveria conseguir um green card", disse.

Precisamos de assistência médica, reforma financeira e reforma educacional. Mas com a mesma seriedade e urgência, também precisamos pensar sobre os ingredientes que estimulam o empreendedorismo - como catalisar, inspirar e possibilitar novos negócios e como recrutar mais pessoas que façam isso - para que ninguém diga sobre os Estados Unidos o que aquele oficial disse a Tom Cruise em Top Gun - Ases Indomáveis: "filho, seu ego está assinando cheques que o seu corpo não pode sacar".

Portal Terra

Aécio Neves dando uma aula de politica e cidadania.