segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Os imigrantes de hoje


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Os refugiados de hoje



Os migrantes de hoje

O mundo nunca teve tanta gente morando fora do país de origem. A ONU (Organização das Nações Unidas) avalia que existem atualmente 160 milhões de migrantes, pessoas vivendo fora do seu país pelas mais variadas razões - da mudança temporária por exigência do trabalho à tentativa de uma vida melhor no exterior fugindo de guerras.

Esse movimento só é comparável à grande onda migratória do início do século 20. Os especialistas calculam que naquela época cerca de 50 milhões de pessoas, a grande maioria europeus, deixaram o continente em direção ao novo mundo, como eram chamados na época as Américas e a Oceania.

Essa primeira grande onda migratória da história levou milhões de britânicos e irlandeses aos Estados Unidos e Canadá. Brasil e a Argentina receberam milhões de italianos, espanhóis e portugueses.

Se naquela época a movimentação era da Europa para as Américas, hoje é principalmente da América Latina, Ásia, África e Leste Europeu para os Estados Unidos, Canadá e Europa. Os Estados Unidos continuam recebendo cerca de 1 milhão de imigrantes por ano, o mesmo número de um século atrás.

Somente na última década, o número de imigrantes nos Estados Unidos aumentou de 20 para 28 milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população americana.

O impressionante é que esse número recorde de migrações ocorre num momento em que nunca houve tantas restrições para a entrada de estrangeiros nos países desenvolvidos.

Mais fácil

Mas por que o número de imigrantes aumentou tanto nos últimos anos? Para os especialistas que estudam o assunto, o aumento das comunicações e o desenvolvimento - e conseqüentemente barateamento - dos meios de transporte deram um grande impulso ao desejo antigo do ser humano de sair em busca de uma vida melhor.

"Além disso, hoje em dias as pessoas podem morar num país diferente e voltar para seu país de origem, não precisam cortar os laços", diz o professor Rey Koslowski, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, em torno de 2 milhões.

O fim do bloco soviético e a abertura das fronteiras dos antigos países comunistas também ajudou a aumentar o movimento migratório, à medida em que essas pessoas passaram a ter liberdade para deixar os seus países.

Mas o êxodo do Leste Europeu foi menor do que se previa. O professor Koslowski lembra que em 1989 imaginava-se que 20 milhões de pessoas migrariam do leste para a Europa Ocidental, mas a movimentação foi muito menor.

"Os que vieram foram basicamente refugiados e as pessoas de origem alemã que viviam em outros países", afirmou. "Não houve uma grande leva de imigrantes econômicos, como se temia", afirma.

A historiadora e socióloga Maria Baganha, da Universidade de Coimbra, especialista em migrações internacionais diz que, ao contrário do que muitos pensam, não é a parte mais pobre da população que migra. "A migração é altamente seletiva", diz. "As pessoas começam a pensar em migrar conforme melhoram de vida e vêem a possibilidade de ter uma vida ainda melhor em outro lugar", afirma.

Mas quais são as conseqüências da migração na sociedade que recebe os migrantes? Países como o Brasil só desenvolveram sua indústria a partir da imigração européia do início do século 20. Mas os migrantes de hoje enfrentam mais resistência.

Nos Estados Unidos, o aumento da mão-de-obra sem qualificações baixou os salários dos trabalhadores locais nesse segmento e na Europa provocou o aumento do desemprego.