sábado, 20 de fevereiro de 2021

Brasil celebra os 147 anos da imigração italiana, neste domingo



21 DE FEVEREIRO: DIA DE CELEBRAR A IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL


Os 147 anos da imigração italiana no Brasil são comemorados neste domingo, dia 21 de fevereiro. A data marca a chegada do navio La Sofia a Vitória.

O desembarque do navio italiano na capital do Espírito Santo levou à criação do Dia Nacional do Imigrante Italiano. A data foi criada por meio de projeto de lei no Senado, em 2008.



O navio La Sofia deixou o Porto de Gênova em 3 de janeiro de 1874, trazendo o chefe dessa expedição ao Brasil, Pietro Tabacchi, além de lavradores, um capelão e o auxiliar Pietro Casagrande.

Pietro Tabacchi era um italiano da região de Trento, que já tinha vindo para o Brasil em 1851 e adquirido uma fazenda, batizada de Nova Trento, na cidade de Santa Cruz.

Em 1974 ele foi autorizado pelo governo do Espírito Santo a trazer imigrantes italianos para trabalhar em suas terras.

Ao todo, essa expedição trouxe 386 imigrantes da região do Tirol Italiano.
Primeiros imigrantes italianos

Apesar de o dia 21 de fevereiro ser um marco da imigração italiana, os italianos começaram a chegar antes ao Brasil. Entre 1860 e 1920, 7 milhões de italianos desembarcaram no país.
SIGA O ITALIANISMO





Até meados do século XIX, havia grandes diferenças socioculturais na Península Itálica.

O processo de unificação durou 20 anos e resultou em mudanças no trabalho do campo.

Associadas ao desenvolvimento industrial, essas mudanças levaram fome e desemprego a milhares de camponeses e artesãos.

Desse modo, muitos camponeses aceitaram o convite do governo brasileiro para trabalhar nas lavouras do país, principalmente nas regiões sudeste e sul.

Esses italianos eram, na maioria, da região do Vêneto, norte da Itália.

Apesar de a região sul do Brasil ter recebido os primeiros italianos, o sudeste recebeu o maior número de imigrantes oriundos da Itália.

Isso se deve à expansão das fazendas de café no Estado de São Paulo.
Fenômeno da imigração italiana

A diáspora italiana foi o maior movimento migratório espontâneo da história.

Entre 1880 e 1976, cerca de 13 milhões de italianos foram residir em outros países.

Para o governo italiano, a emigração foi positiva, pois os emigrantes mandavam dinheiro para os parentes que ficavam no país.

O Brasil possui hoje a maior população italiana fora da Itália.

Segundo a Embaixada da Itália no Brasil, aproximadamente 27 milhões de descendentes de italianos residem no país.

Eles estão distribuídos principalmente pelo sudeste e sul do Brasil – quase 15% do total da população brasileira.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

'Descendentes precisam saber que história da África é tão bonita quanto a da Grécia'


Principal africanólogo brasileiro, diplomata Alberto da Costa e Silva diz que negro não aparece na nossa história 'como realmente foi, um criador, um povoador do Brasil'.

Fernanda da EscóssiaDo Rio de Janeiro para a BBC Brasil
FACEBOOK

Segundo o acadêmico Alberto da Costa e Silva, Brasil precisa mudar olhar em estudo da África (Foto: Guilherme Gonçalves/ABL)

Quando começou a se interessar pela história da África, o poeta, diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva ouviu: "Por que você, um diplomata, um homem tão letrado, não vai estudar a Grécia?"

Justamente porque todo mundo estudava a Grécia, explica, ele resolveu estudar a África. Hoje, é o principal africanólogo brasileiro, autor de clássicos como A Enxada e a Lança: a África antes dos Portugueses e A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700. E, aos 84 anos, prepara um novo livro para completar sua trilogia sobre história africana.
saiba mais
Seis coisas que você provavelmente não aprendeu na escola sobre a África
A professora que luta para valorizar Zumbi em escola de Palmares

Formado em 1957 pelo Instituto Rio Branco, Costa e Silva serviu em vários países e foi embaixador na Nigéria.

É membro da Academia Brasileira de Letras, autor e organizador de mais de 30 livros. Por sua obra, recebeu em 2014 o Prêmio Camões, o mais prestigiado da língua portuguesa.

Filho do poeta piauiense Antônio Francisco da Costa e Silva, nasceu em São Paulo e viveu no Ceará até aos 12 anos, quando mudou-se para o Rio de Janeiro. Cresceu entre livros e costuma dizer que, como no verso do poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), seu berço "ao pé da biblioteca se estendia".

Foi entre livros, quadros e esculturas, no apartamento em que guarda lembranças de vários lugares do Brasil e do mundo, que ele recebeu a BBC Brasil às vésperas do Dia da Consciência Negra para falar da história do continente pelo qual se apaixonou.

BBC Brasil: Como o Brasil aprendeu a história da África?

Alberto da Costa e Silva: A história da África durante muito tempo foi uma espécie de capítulo de antropologia e etnografia do continente africano. Eram livros que árabes e europeus escreveram sobre suas viagens. Data do fim da Segunda Guerra Mundial a consolidação a história da África como disciplina à parte, semelhante à história da Idade Média europeia, ou à história da China.

Entre 1945 e 1960 seu estudo começa a ganhar grandes voos, tanto na África quanto na Europa, sobretudo Inglaterra e França. Curiosamente o Brasil esteve ausente disso. Os historiadores brasileiros sempre viam a história das relações Brasil-África com a África figurando como fornecedora de mão de obra escrava para o Brasil, como se o africano que era trazido à força nascesse num navio negreiro.

Era como se o negro surgisse no Brasil, como se fosse carente de história. Nenhum povo é carente de história. E a história da África é uma história extremamente rica e que teve grande importância na história do Brasil, da mesma maneira que a história europeia.

De maneira geral, quando se estuda a história do Brasil, o negro aparece como mão de obra cativa, com certas exceções de grandes figuras, mulatos ou negros que pontuam a nossa história. O negro não aparece como o que ele realmente foi, um criador, um povoador do Brasil, um introdutor de técnicas importantes de produção agrícola e de mineração do ouro.

BBC Brasil: O senhor poderia citar alguns exemplos?

Costa e Silva: Os primeiros fornos de mineração de ferro em Minas Gerais eram africanos. Fizemos uma história de escravidão que foi violentíssima, atroz, das mais violentas das Américas, uma grande ignomínia e motivo de remorso. Começamos agora a ter a noção do que devemos ao escravo como criador e civilizador do Brasil.

Quando o ouro é descoberto em Minas Gerais, o governador de Minas escreve uma carta pedindo que mandassem negros da Costa da Mina, na África, porque "esses negros têm muita sorte, descobrem ouro com facilidade". Os negros da Costa da Mina não tinham propriamente sorte: eles sabiam, tinham a tradição milenar de exploração de ouro, tanto do ouro de bateia dos rios quanto da escavação de minas e corredores subterrâneos. Boa parte da ourivesaria brasileira tem raízes africanas.

Temos de estudar o continente africano não como um capítulo à parte, um gueto. A história da África está incorporada à história do mundo, porque ela foi parte e é parte da história do mundo. Que a história do negro no Brasil não seja isolada, como se o negro tivesse sido um marginal. O negro foi essencial na formação do Brasil.

BBC Brasil: Qual a importância de um personagem como Zumbi?

Costa e Silva: Havia um suplemento juvenil do jornal A Noite, sobre grandes nomes da história, e eu me lembro perfeitamente de um caderno sobre Zumbi. Zumbi está aliado de tal maneira à ideia de liberdade que é difícil escrever sobre ele sem ser apaixonado.

Zumbi não é um nome, é um título da etnia ambundo, significa rei, chefe. Palmares era como um Estado africano recriado no Brasil. Na África era muito comum isso. Em torno de um núcleo de poder forte se aglomeravam vários povos e formavam um novo povo. Isso é uma hipótese.

BBC Brasil: O senhor vê um aumento do interesse dos brasileiros pela questão negra?

Costa e Silva: Tenho a impressão de que todos temos dentro de cada um de nós um africano. Podemos não ter consciência disso, mas é permanente. Há naturalmente hoje em dia uma percepção mais nítida do que é a África, a escola começa a dar uma visão mais clara.

Mas ainda apresenta visões distorcidas. Uma vez uma professora veio me dizer que era absurdo que apresentássemos Cleópatra como uma moça branca, quando ela era negra. É um equívoco isso. Cleópatra não era negra nem mulata. Era grega. Os Ptolomeus, uma dinastia grega, governavam o Egito e não se misturavam.

BBC Brasil: Na África também havia escravos, não?

Costa e Silva: Escravidão houve em todas as culturas no mundo. Todos nós somos descendentes de escravos. Houve escravidão em toda a Europa, na Indonésia, entre os índios americanos, na Inglaterra. Na África havia todos os tipos de escravidão, e até hoje em certas regiões africanas os descendentes de escravos são discriminados. Quase toda a África teve escravidão.

A escravidão transatlântica, da África para as Américas, a nossa, tem uma diferença básica: pela primeira vez era uma escravidão racial. Era um especial aspecto da perversidade dela. No início não, mas a partir de certo momento, passa a ser exclusivamente negra. Foi o maior deslocamento forçado de gente de uma área para outra que a história já conheceu, e o mais feroz.

O Brasil foi o último país das Américas e do Ocidente a abolir a escravidão. O último do mundo foi a Mauritânia (na África), em 1981.

BBC Brasil: Como analisa o racismo hoje no Brasil?

Costa e Silva: Existe racismo, e muitíssimo. No nosso racismo, não temos um partido racista, mas temos repetidas manifestações de racismo no seio da sociedade. É dificílimo, para um negro, ascender socialmente. A discriminação se exerce de forma muitas vezes dissimulada, mas que os marca muito. Mas está mudando. Sinto mudanças.

É importante que os descendentes de africanos saibam que eles têm uma história tão bonita quanto a história da Grécia. Que eles não eram bárbaros, que não são descendentes de escravos. São descendentes de africanos que foram escravizados.

Para mim o importante não é que haja cota na universidade. Acho que tem de haver cota em tudo. Se você vai se candidatar a um cargo de atendente de hotel de primeira classe, se você for negro, você tem dificuldade. O preconceito é discriminatório. Ele não impede você de usar o mesmo banheiro, o mesmo bebedouro, mas dificulta o acesso (do negro) às camadas das classes média e alta.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Bilionário turco vai doar metade de sua fortuna para ajudar refugiados







Notícias
Bilionário turco vai doar metade de sua fortuna para ajudar refugiados

Ulukaya, tem um patrimônio da casa de U$.1,41 Bilhão (R$ 5,44 bilhões), entrou no grupo decidido a investir ao mínimo a metade de sua fortuna em ações que prestem ajuda aos refugiados em todo o mundo.


Atualmente, um dos assuntos que mais despertam atenção das nações é a dos refugiados que buscam abrigo em países da Europa, é triste ver a condição do ser humano em navios tentando sobreviver em outros países.


Comovido com esta situação, Hamdi Ulukaya, bilionário turco, fundador da Chobani (marca que lidera o mercado de iogurte grego nos Estados Unidos) resolveu participar do The Giving Pledge, projeto criado por Bill Gates e Warren Buffett, que agrega vários bilionários do mundo todo com o objetivo de doarem uma parcela de suas fortunas em vida.

Ulukaya, tem um patrimônio da casa de U$.1,41 Bilhão (R$ 5,44 bilhões), entrou no grupo decidido a investir ao mínimo a metade de sua fortuna em ações que prestem ajuda aos refugiados em todo o mundo.

Detalhe, em 2018 ele doou U$ 2 milhões (R$ 7,72) para a agência da ONU especializada em refugiados, pensando nisto, criou a fundação TENT, cujo objetivo é prestar socorro aos refugiados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Imigrantes haitianos são barrados ao tentar deixar o Acre pela fronteira do Peru: 'situação caótica', diz prefeito


Imigrantes haitianos estão acampados na Ponte da Integração, em Assis Brasil, na fronteira com o Peru.


Por Alcinete Gadelha, G1 AC — Rio Branco

14/02/2021 14h32 Atualizado há um dia




Mais de 300 imigrantes estão acampados em ponte na fronteira do Acre com o Peru — Foto: Jhonei Araújo/ Arquivo pessoal



Um grupo de pelo menos 300 imigrantes vindos do Haiti ocupa a ponte da Integração que liga a cidade acreana de Assis Brasil, na fronteira com o Peru, neste domingo (14). Com a fronteira fechada, eles tentam sair do Brasil, mas são impedidos pelas autoridades peruanas, segundo informações da Polícia Militar.


A fronteira do Acre com o Peru está fechada desde março de 2020. Nesse período, diversos imigrantes chegaram em Assis Brasil, onde foram alojados em abrigos e mantidos pela prefeitura. A cidade chegou a decretar situação de emergência.


Os imigrantes começaram a deixar a cidade a partir do mês de julho. Em janeiro deste ano a prefeitura abrigava apenas um cubano na Escola Municipal Edilsa Maria Batista. Na época, o prefeito recém-empossado, Jerry Correia, afirmou que faria uma auditoria para saber quanto foi gasto pela gestão passada com a questão imigratória e qual montante de dívidas que a cidade acumulou.


Polícia peruana impede passagem de imigrantes na fronteira do Acre — Foto: Arquivo pessoal



O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia, diz que a situação é caótica. “A situação em Assis Brasil é caótica, dramática, nós estamos revivendo o que vivemos em 2020, com essa crise migratória. A coisa se agravou, especialmente hoje, quando imigrantes, na sua maioria haitianos, resolveram protestar e entrar no país vizinho, Peru, a todo custo”, disse o prefeito.


Correia afirma que esses imigrantes são os que teriam vindo para o Brasil desde o terremoto, de 2010 e agora tentam sair do território brasileiro por estarem perdendo os empregos devido à pandemia.


Ele explica que hoje a prefeitura mantém os imigrantes em três abrigos montados em uma escola, um ginásio e uma casa alugada. “Nós estamos mantendo três locais como abrigo desde o ano passado. Essas pessoas, no desespero, foram para ponte para tentar entrar [no Peru]”, conta.




Negociações com o Peru




O prefeito está em negociação com as autoridades peruanas e espera autorização para que eles possam ingressar no país.


“Eles estão sensíveis à situação. Há uma possibilidade de eles permitirem o ingresso. O governador de Madre de Dios está tentando autorização do governo federal peruano. Vão fazer uma triagem nesse grupo, testar todos eles para a Covid. Mas a crise vai além disso, mesmo que as autoridades permitam o ingresso desses imigrantes, amanhã, depois, nós teremos novamente esse número aqui no município de Assis Brasil”, desabafou.


Imigrantes esperam autorização para ingressar no Peru — Foto: Jhonei Araújo/Arquivo pessoal



A prefeitura diz que continua dando assistência aos imigrantes que estão acampados na ponte. “Estamos levando, alimentação, água, tentando fazer a locação de tendas, para que essas pessoas possam se livrar da chuva, já que elas estão dispostas a ficar ali o tempo que for necessário para entrar no Peru”, diz o prefeito.


Pelo menos 300 haitianos ocupam ponte da Integração em Assis Brasil — Foto: Arquivo pessoal


A PM informou que esse novo grupo chegou nas últimas semanas. Mas, por causa do decreto que reclassificou o Acre para a fase vermelha, após o aumento dos casos de Covid-19, está interrompida a circulação e o ingresso, no estado, de veículos de transporte coletivo interestadual e internacional de passageiros, público e privado, exceto os que se destinarem a transporte de pacientes.