sábado, 15 de maio de 2021

São vestígios humanos dos tempos em que Portugal se aventurou pelo mundo. Descubra 9 povos que desc endem dos portugueses.






0



ArtigosRelacionados



Quais são as 5 cidades mais seguras para viver em Portugal?
MAI 7, 2021


5 das aldeias mais pequenas de Portugal
MAI 7, 2021


São Bartolomeu: a ilha das Caraíbas onde se come bacalhau e se ouve fado
ABR 7, 2021


Penedo dos Cornudos: há uma rocha em Amarante que lhe diz se está a ser traído
ABR 7, 2021


Devido ao nosso historial de navegação, existem atualmente diversos povos cuja origem é portuguesa. A maioria destas comunidades foram criadas por marinheiros portugueses que ficaram por terras estrangeiras e que, com o tempo e os casamentos entre pessoas da mesma comunidade, criaram povos cuja origem é indubitavelmente portuguesa. Fique a conhecer alguns destes povos:


1. Kristang, Malásia
Kristang, Malásia

O nome deste povo deriva de “cristão”, o que é mais um atestado da sua origem, já que esta é uma comunidade que deriva maioritariamente de cristãos portugueses que chegaram a Malaca, na Malásia, durante o século XVI. Esta comunidade tem inclusive uma língua própria, o papiá kristang, que ainda hoje é falado em Malaca.

Pode-se também encontrar falantes deste dialeto em locais como Singapura, Reino Unido e até Perth, na Austrália, já que este dialeto foi levado por emigrantes Kristang para essas regiões.

2. Portugueses no Suriname
Suriname

Durante o século XIX (mais concretamente na segunda metade de 1800), ocorreu a chegada dos primeiros portugueses ao território do Suriname. O destino destes portugueses era a Guiana, e pensa-se que eram maioritariamente madeirenses, que foram transacionados como escravos para a Guiana Inglesa.



Alguns relatos dizem que, no entanto, cerca de 500 madeirenses chegaram ao Suriname em 1853 e que, após a abolição da escravatura, alguns anos mais tarde, estes homens decidiram permanecer no Suriname enquanto homens livres.

Ainda hoje existem ecos destes madeirenses, que deram origem a um pequeno povo que ainda hoje tem apelidos como Gouveia, Miranda, Correia, Gonsalves e Texeira. O idioma crioulo Sranan Tongo tem também influência portuguesa, sendo ainda usado por algumas comunidades.

3. Mardicas, na Indonésia
Indonésia

Os Mardicas (ou, em holandês, Mardijkers) foram um povo cuja origem era portuguesa, já que descendiam de escravos dos portugueses (que, por sua vez, tinham também origem nacional). O nome Mardica originou-se a partir do sânscrito Mahardahika, termo usado para descrever escravos que foram libertados.


Durante anos, a comunidade Mardica, que era cristã, falou um crioulo de origem portuguesa, que acabou por influenciar a língua indonésia. Atualmente, os Mardicas já não existem, e a língua já não é utilizada. Sobrevivem, no entanto, alguns apelidos de origem portuguesa e algumas canções em crioulo.

4. Bayingyi, na Birmânia
Bayingyis

Este povo teve a sua origem em portugueses (especialmente mercenários) que chegaram à antiga Birmânia durante os séculos XVI e XVII. Os Bayingyi eram cristãos, ao contrário dos restantes povos da região, e tinham traços marcadamente europeus, como olhos e pele mais clara.

Bayingyi deriva da palavra árabe “fheringi”, termo usado para descrever qualquer pessoa de origem europeia. Nos dias de hoje, os Baryingyi ainda existem, embora os traços físicos distintivos não estejam tão presentes na comunidade como estavam antigamente. A cultura e a religião, no entanto, permanecem como pilares sólidos deste povo.

5. Comunidade Portuguesa em Aceh, Indonésia
Criança de Lamno, Indonésia

Numa cidade chamada Lamno, na Indonésia (região do Aceh), existe uma pequena comunidade descendente de portugueses, conhecida como os “mata biru” (que significa “olhos azuis”, já que uma característica distintiva de muitos membros desta comunidade são precisamente os olhos desta cor).

Hoje em dia, a comunidade é muito reduzida, já que o tsunami de 2004 devastou a região e reduziu a população mata biru a uma ou duas dezenas de pessoas. Esta comunidade, apesar de aceitar a sua ascendência portuguesa, converteu-se ao islamismo há muitos séculos.

6. Luso descendentes no Senegal
Ziguinchor

Na cidade de Ziguichor, no Senegal, existe uma comunidade de dezenas de milhares de pessoas com apelidos de origem portuguesa e que têm como língua um crioulo português, que derivou do crioulo da Guiné-Bissau. Existe até um Centro da Língua Portuguesa em Ziguichor, tendo até alguns serviços públicos adotado a nossa língua como língua oficial.

7. Burghers Portugueses, no Sri Lanka
Burghers

Hoje é conhecida como Sri Lanka, mas nos tempos dos descobrimentos era o Ceilão. Aqui, os portugueses deram origem a um povo chamado Burghers Portugueses (e que são assim chamados para se diferenciarem dos Burghers, de origem cingalesa e holandesa).

Falavam um crioulo de origem portuguesa que, infelizmente, é hoje apenas uma linguagem falada, que se concentra principalmente nas províncias de Batticaloa e Trincomalee. Existem ainda muitos apelidos portugueses, como Salgado, Fonseca, Silva e Pereira. Muita da população emigrou para o Canadá. Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia.

8. Luso-indianos na Índia
Basílica do Bom Jesus (Goa)

Numa pequena vila indiana chamada Korlai, no distrito de Raigad, existe um crioulo (conhecido como Kristi) que ainda hoje é falado por cerca de mil pessoas. O nome deste dialeto deriva da palavra “Cristo”. Os falantes, no entanto, chamam-lhe “nou ling”, ou “a nossa língua”.

Nesta vila, existem ainda ruínas de um forte português, mas a maior prova da existência de um povo cuja origem é portuguesa é a própria língua, já que existem hoje poucos luso-descendentes.

9. Mardicas de Tugu, na Indonésia
Tugu

Voltando à Indonésia, podemos encontrar na vila de Tugu, na Ilha de Java, vestígios de um povo de origem portuguesa que em tempos era dominante aqui e do qual hoje apenas existem canções que usam o crioulo que por estes era falado.

Apesar de Portugal nunca ter colonizado esta região, os portugueses e seus descendentes (Mardicas) foram levados para esta zona como escravos dos holandeses, e acabaram por casar tanto entre eles próprios como com holandeses, criando uma comunidade que se manteve viva até há cerca de 40 anos atrás (altura em que o último falante deste crioulo faleceu). Hoje, apenas restam as influências na língua, nos costumes, na música e nos nomes.