segunda-feira, 1 de maio de 2017

Filho de imigrantes cria jogo que simula a fronteira entre México e EUA


A ideia é passar para outras pessoas qual é a experiência de fazer esse trajeto




FIlho de imigrantes mexicanos desenvolveu jogo que simula a travessia da fronteira entre o México e os Estados Unidos. Foto: Cláudia Trevisan/Estadão

Gonzalo Alvarez, um designer de jogos e ilustrador que vive no Estado americano do Texas, desenvolveu Borders, um jogo que simula a travessia da fronteira entre o México e os Estados Unidos para conscientizar as pessoas de como essa passagem é perigosa. Usando as experiências dos seus próprios pais, que cruzaram a fronteira, Alvarez afirmou ao Huffington Post que não quis fazer só uma forma de entretenimento para os usuários, mas também uma expressão artística.

LEIA TAMBÉM:
Record TV confunde videogame com teste para motorista de Donald Trump
Ian McKellen revela que rejeitou papel de Dumbledore

“Eu me inspirei bastante em Papers, Please, um outro jogo que também explora a mensagem moral de como o autoritarismo tem um efeito perverso nas pessoas comuns”, disse ao site. “No caso de Borders, quis fazer do ponto de vista do imigrante”. Outro ponto que ele quis destacar é o fato de filhos de imigrantes conseguirem ser bem-sucedidos na sociedade americana.

Para reforçar a mensagem, os esqueletos do seu personagem permanecem no jogo mesmo após o game-over, como uma lembrança daqueles que não conseguiram concluir a travessia. “Espero que, com esse jogo, as pessoas comecem a criar empatia com imigrantes”, completou Alvarez.

Se você ficou interessado, Borders está disponível para download de graça neste link.

Trump retoma patriotismo econômico e corta a contratação de trabalhadores estrangeiros


O presidente assina ordem executiva que limita os vistos para profissionais qualificados
Medida também potencializa a compra de produtos norte-americanos


Donald Trump antes de viajar para Wisconsin. AFP


Donald Trump voltou à sua zona de conforto. Em uma fábrica de chaves de fenda, em Kenosha (Wisconsin), o presidente dos Estados Unidos retomou nesta terça-feira seu discurso mais nacionalista e assinou uma ordem executiva para restringir a entrada de imigrantes ao mercado de trabalho e potencializar a compra de produtos norte-americanos. É o velho sonho da América profunda, aquela que olha para o mundo externo e seus habitantes com desconfiança, e que nas mãos de Trump conduziu à narrativa xenófoba e isolacionista que marcou sua campanha.


América Primeiro. Este é o lema que Trump invoca sempre que tenta mudar o ritmo. Depois de algumas semanas nas quais, sobrecarregado pelo peso da realidade, abandonou muitos de seus postulados eleitorais (deixou de atacar a China, bombardeou o regime sírio e até elogiou a OTAN), o presidente voltou às raízes. A esse caudal de votos que maneja tão bem e que lhe deu nos depauperados estados do antigo cinturão industrial a vantagem que lhe permitiu derrotar Hillary Clinton.

MAIS INFORMAÇÕES

Empresa de Ivanka Trump obteve os direitos de duas marcas na China no dia do jantar com o presidente Xi
Coreia do Norte para Trump: “A guerra termonuclear pode estourar a qualquer momento”

Diante de um público comprometido, voltou a acusar a China de participar da espoliação dos Estados Unidos, ameaçou mais uma vez sair do NAFTA se não houver “grandes mudanças”, qualificou de desastre a Organização Mundial do Comércio e apresentou a cereja do bolo do dia: a ordem executiva a partir da qual nos próximos 220 dias os departamentos federais devem revisar suas políticas à luz da doutrina do compra de americano, contrata americano. “Esta medida protegerá os trabalhadores como vocês. Chegou a hora. Acreditem”, disse Trump.

A diretriz dá prioridade aos nativos e representa um novo golpe ao legado de Barack Obama em matéria de imigração e vistos. Especialmente prejudicado fica o capítulo dedicado aos trabalhadores altamente qualificados: 85.000 vistos (H-1B) que são oferecidos anualmente e que alimentam as indústrias mais avançadas do Silicon Valley. Uma janela muito procurada por profissionais estrangeiros, mas que para a Administração Trump representa “um exemplo de abuso” e uma forma de “reduzir o emprego americano e reduzir salários”.

“Aos 80% dos que entram em nosso país por este programa se paga menos do que a média dos trabalhadores em idênticas condições”, afirmou um funcionário de alto escalão da Casa Branca. Nesse sentido, a ordem pretende reduzir o número de beneficiados e limitar a concessão apenas aos “mais talentosos”. Esta restrição foi rejeitada pelas grandes empresas de tecnologia. Alertam que seu efeito pode ser o contrário do desejado e que não se descarta que estimule a fuga das empresas para o exterior.

Outro objetivo da ordem é reativar a compra de produtos fabricados nos EUA. Para isso, cortará as isenções às importações que se aplicam a quase 60 países. Símbolo desta política é o aço norte-americano. Um material que Trump já prometeu que será de uso obrigatório em seu plano de infraestrutura e que a normativa não admite que proceda de material fundido no exterior, apesar de o produto acabado ser feito nos Estados Unidos. “É preciso assegurar que os benefícios do Compre de Americano sejam compartilhados em toda a cadeia de produção”, afirmou um porta-voz da Casa Branca.

Em um momento em que as pesquisas não sorriem para Trump, este retorno ao patriotismo econômico tenta reativar seu capital político. Nas últimas semanas, o eleitorado viu seu presidente mergulhar no labirinto internacional. Síria, Afeganistão e Coreia do Norte se afastaram do universo que votou nele. Uma distância que o governante, consciente de sua fragilidade eleitoral, tenta encurtar sempre que pode. Às vezes com discursos, outras com regras criadas para impactar seu criadouro natural. Esta é uma delas. Altissonante, nacionalista e com forte apelo nas pesquisas. O tipo de política de que Trump gosta.